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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O fim da D&G


MILÃO Verão 2012: o fim da D&G e mais lençomania



Por Luigi Torre



O post que você está prestes a ler tem uma parte boa, e outra nem tanto. A boa é a coleção-quero-tudo que a D&G, segunda marca da Dolce & Gabbana, apresentou hoje, em Milão. Assim como na coleção masculina que vimos em junho, o verão 2012 das meninas vem todo baseado em lenços (ou foulards para as mais chiques). E daí a infinidade de estampas, supercoloridas, que invadiram a passarela. Porém, o mais legal de tudo é que a dulpa foi a fundo nas diversas formas de se usar a peça em questão. Tinha desde lenço transformado em saia, blusa e vestido, até versões estampadas em camisas, calças, blazeres e jaquetas. Às vezes é tanta estampa que a coleção parece algo repetitiva devido ao monotema. Porém, à medida que a dupla vai misturando as peças-foulard com itens mais tradicionais e sem padronagem alguma – ou quando se fundem ao jeans –, a coleção ganha força e até mais relevância fashion.
A gente já tinha falado aqui sobre uma lençomania que vem ganhando força na moda. Agora com este último grito da D&G, a tendência tem tudo para ganhar novo fôlego.


Mas agora vamos para a parte não tão boa. Já havia algum tempo que a Dolce & Gabanna havia feito o anúncio, mas ninguém prestou muita atenção. Agora, porém, com o gancho deste desfile tão animado, não se fala em outra coisa em Milão: o fim da D&G. A partir da próxima temporada a irmã mais nova, meio rebelde e mais acessiva da Dolce & Gabbana deixará de existir e suas peças/estilo serão incorporadas pela marca mãe. O motivo, ninguém sabe bem ao certo. Em comunicado oficial, a grife explica que é para dar mais força e unidade a seu estilo e identidade.
Agora, quem quiser entender um pouco mais sobre o que isso significa para o mercado de luxo, é só clicar aqui:

Não faz muito tempo, ou melhor, até agora há pouco, as segundas marcas – aquelas mais jovens e com produtos menos caros – eram quase que os carros-chefes das grandes grifes de luxo. Era com elas que conseguiam lucrar de fato e, assim, bancar toda a produção de alta qualidade (e custo) para melhor atender aos requintes desse mercado.
Estilistas se consolidam com suas grandes marcas e, para lucrar, emprestam o valor agregado de seus nomes a produtos secundários de valor inferior aqueles mais sofisticados e exclusivos, que, justamente por não se enquadrarem nesse patamar de maior excelência, permitem um acabamento inferior com a utilização de materiais mais baratos.
É o que faz Marc Jacobs com sua Marc by Marc Jacobs, Donna Karan com sua DKNY, Calvin Klein com a CK Jeans e por aí vai.
Enfim, desde que Yves Saint Laurent lançou, em 1966, sua Rive Gauche, e principalmente depois que Giorgio Armani lançou suas linhas secundárias no fim dos anos 80, tudo mundo fez também. É uma prática extremamente comum e até então muito lucrativa para as marcas de luxo. Mas será que ainda vale a pena?
Existem algumas pesquisas dizendo que, com o crescente acesso à informação de moda, os consumidores de hoje se sentem mais seguros na hora da compra e de montar seu próprio visual e, portanto, não ligam se o que consomem são de uma marca secundária ou não. O que realmente importa é o valor criativo (ou cultural) que determinado estilista imprime com seu nome. Ou seja, para o consumidor não faz diferença comprar um trench-coat Marc by Marc Jacobs ou um Marc Jacobs, uma camiseta T by Alexander Wang ou uma Alexander Wang. Na cabeça deste consumidor, ambas as peças foram idealizadas pela mesma mente criativa, pelo mesmo nome.
Isso sem contar que as divisões de marcas de luxo são algo que, muitas vezes, só faz sentido para quem já está inserido no meio da moda. Quem nunca viu alguém falar que sua camiseta Emporio Armani é, na verdade, Giorgio Armani, ou que usa cuecas Dolce & Gabbana, em vez de D&G? O que nos leva a questionar se tais nomenclaturas não tenham como único objetivo facilitar a vida da própria indústria da moda.